quarta-feira, 26 de maio de 2010

A gastronomia digital

Você já ouviu falar na lenda da 'cornucópia'? (risos)... Não, não tem nada a ver com brigas entre casais. Na verdade, essa é uma história que remonta ao mito de Almatéia, uma cabra que tinha dado de amamentar a Zeus, futuro deus do Olimpo.


Assim sendo, uma vez que permitiu todo o ato da criação divina, a cornucópia passou a ser representada como um vaso em forma de ‘chifre’ do qual brotavam flores e frutos, ou, como queiram dizer, abundância, riqueza e fertilidade aos homens.


Pois é, muito embora a palavra esteja sumindo do diálogo comum, para o MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts) a cornucópia pode estar bastante viva. Não só vai revolucionar a alimentação no futuro, como também inaugurar uma nova era, a chamada ‘gastronomia digital’.




Conceito já ambicionado por Ferran Adriá, Alex Atala e outros pop chefs, essa modalidade de gastronomia usa o controle do tempo e da temperatura para criar alimentos que até então nos seriam abstratos e impossíveis.


Da última vez que a cozinha passou por tamanha revolução, há exatos 40 anos, o microondas foi estereotipado por conta das ondas que alteravam os alimentos; quando, na verdade, ele agia sobre sua água e mal algum fazia, contanto que se seguisse o protocolo dos fabricantes. Desta vez, o brasileiro Marcelo Coelho e o israelense Amit Zoran reinventaram a cornucópia, uma espécie de impressora dos desejos; não uma jato de tinta qualquer, mas uma que imprime alimentos; duvide quem quiser, em 3 dimensões.




No lugar de um vaso de chifre, tornou-se futurista com visor touch screen de acrílico. Que ela vai criar alimentos com base em nossas necessidades nutricionais, não é novidade; nossos electros já o fazem. Agora imagine ir além do escrúpulo, construir um mil folhas de creme e chocolate com camadas na espessura de um fio de cabelo! Não se convenceu? E que tal um filet de frango num formato inusitado, digamos... Um cubo? Mas e se a ficção foi ainda mais longe e essa impressora também decora seu prato tal qual uma HP no papel?


Você que até então só tinha visto uma jato de tinta, bem vindo a mais um episódio do século XXI, quando a realidade novamente supera a ficção! Pode ser que leve bons séculos até que surja algo parecido com os sintetizadores de Star Trek; ainda assim, vale entender como essa aqui funciona:




A confecção tem inicio na tela da impressora. Através dela, é possível escolher formato, tamanho, composição, temperatura, calorias e muito mais. A partir daí, as cápsulas no topo combinam os ingredientes entre si no misturador para começar a impressão, cozer ou resfriar sua criação, tudo simultaneamente. Já conseguiram reproduzir chocolate, nozes e uma porção de outras coisas.





Uma última discussão, enfim, coloca esta e outras tecnologias do tipo contra a parede quando do embate entre as elites gastronômicas - ávidas por novidades e fetiches - e a miséria de boa parte da população mundial. É fato, as revoluções tecnológicas, para que sejam bem sucedidas, devem beneficiar a sociedade como um todo; ou seja, permitir a prática da tal 'sustentabilidade'. Por outro lado, fosse a ciência assim, tão benevolente como ela mesma prega, talvez fosse o fim do capitalismo e da própria sociedade como os conhecemos.


Se você gostou deste tema, não perca o próximo post, quando falarei de tecnologias gastronômicas que marcam as feiras de design pelo mundo todo. Acredite quando digo, sua cozinha nunca mais será a mesma!






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