sábado, 31 de julho de 2010

Uma mooca espanhola e 2 receitas

Já ouviu falar na famosa festa de San Gennaro? Pois é, para quem reside aqui, é impossível fugir do senso comum como ocorre no interior. Ontem mesmo, tricotando com minha tia Maria e sua vizinha Neide, nos pegamos falando do que agrada boa parte da terceira idade: comidinhas. Você deve estar achando que este será mais um episódio para falar de remédios e paróquias, mas não! Você não tem idéia do que está por vir.

Conversando com as velhas, logo percebemos uma riqueza que vai se perdendo ao tempo. Eis uma razão para este post. Em momentos mais calorosos, delas chegamos a ouvir, ‘A receita certa é como fazia minha mãe!' 'Pão de ló não leva fermento', 'Pão tem que rasgar que nem o Abraão', 'Bolo tem que bater 20 minutos'. 'Chef?', elas se rigozijam...'Sabe o que é 60 anos de forno e  fogão?' Ainda estamos conversando e minha tia aproveita para temperar mais uma leva daqueles bifes molinhos, tudo regado a vinagre, orégano e alho, muito alho. Como essa gente gosta de pimenta!

Elas também são quem contribuíram para difundir várias lendas urbanas hoje falidas na era 'pós Mundo de Beackman', como a famosa ‘manga com leite é veneno’, ‘girar objetos dá azar’, ‘mexe-se em dois sentidos azeda' e o não menos temido ‘banho de barriga cheia pode matar’.

E não é para menos, se elas têm algo de sobra é história para contar. Lembram de quando o Tatuapé era bairro de rico e onde mal havia asfalto. Se não estavam nos bailinhos, eram suas vitrolas embaladas a Libertad Lamarque, Francisco Alves e tantos mestres chorosos. Quem diria que no Soulseek minha tia reencontraria o saudosismo em Miguel Caló, Francisco Canaro, Julio Soza, Carlos di Sarli e tantos outros? Ou que por eles e sua música eu também iria me encantar... Essa história vai longe! Senta aí, pega um café! Açúcar o adiçante?

Então, ontem mesmo, enquanto conversávamos, minh tia me pediu uma receita de buñuelos, espécie de rosquinha frita, nunca ouvi falar. E você? Ah, tah bom! A receita original é do 'Reconquinaria', passou pela Italia, país basco e aqui desembocou nas terras do além Portugal como o famoso beignet à base de maçã. Já Neide, sua vizinha, pediu-me que procurasse pela receita de 'borrachuelo'. 'É só usar Raid, brinquei'.

Brincadeira à parte, se quiser as receitas, elas estão lá embaixo. Ah eu te conheço, você não vai clicar no link e perder esta história. Vamos lá, o buñuelo, mais comum, tem em todo lugar; de Madri à Colômbia. O borrachuelo, mais restrito, vem de Málaga e de lá parece não ter saído. Tão ávido quanto elas, lhes imprimi fotos, história e receitas com letras garrafais tamanho 16, idioma español. ‘Espanhol, eu entendo espanhol!’... bradam no peito. 'Não será dificuldade alguma!' Foi o que eu também achei.

Que diria... Ajonjoli (gergelim) e machalahuga (aniz verde) são luxos nesta parte do mundo, de espanõles que se abrasileiraram na Mooca. Mas aí que vem melhor parte. Eu parto sempre do pressuposto que um idoso tem muito a nos ensinar. Desta vez, foi diferente. Quando disse à Neide que a receita era de Málaga, ela não hesitou: 'Malaga? Minha mãe era de Málaga! Eu vou fazer, deve ser muito boa'. Lição número 1, por mais exótica ou esquisita que seja uma receita ao seu modo de vida, se ela tiver origem em seu berço, caem-se todas as diferenças.

Maria Valle Arouca, definitivamente uma pessoa nada comum. Ela se parece em tudo, menos com uma dessas velhas ranhetas, chatinhas. Parte da resposta talvez esteja aqui mesmo na Mooca, bairro mágico e ao mesmo tempo afastado dos centros movimentados de SP. Aqui, onde costumava haver uma nona em cada esquina atirando farinha para o alto e abrindo a própria rotisserie, agora o que se vê são os grandes empreendimentos, o junk food e a miséria cercando o bairro cada vez mais. A partir dos anos 90, praticamente nenhuma casa mantém os antigos portões de pouco mais de 1 metro; tudo passa a ser fechado, com grades. Na San Gennaro, onde ainda ecoam as canções de outrora, a mudança se fez notar mais ainda.

Sensível aos novos tempos, minha tia sempre foi uma aventureira. A última é o desejo por um notebook ainda que a miopia não lhe permita. Aos setenta e poucos anos, sem nenhum sintoma de pânico ou ansiedade, ela ainda se atreve a desbravar a cidade. Sabe ir de ponta a ponta com o malfadado transporte público como ninguém. Sabe a razão para os nomes das ruas e os nomes antes dos que agora conhecemos. Metrô? Esse sim é um desconhecido...

Num passeio com ela, não estranhe se todos a reconhecerem e cumprimentarem na rua! Quer desconto na padaria, na vendinha, no açougue do Seu Manoel? Fala da Maria! 'Dona Maria, ai meu Deus! E como vai sua tia? Boa mulher aquela, boa sim!' Anjo no entanto, só mesmo Plácida, sua irmã, minha falecida e avó, acreditem, nome de rua no bairro. O que a espanholada não sabe é que minha tia é uma mulher de fibra. Sofreu muito dentro de casa com o marido que a maltratou e depois dependeu dela quando sucumbiu ao câncer. Sofreu com a filha rueira e desmiolada e hoje uma grande mulher trabalhadora. Peitou os Gigantes do Ringue que estacionavam o ônibus em frente à sua casa e o estacionamento vizinho que amaçava desabar. Figurinha carimbada na prefeitura, sua casa se tornou um respeitado centro espírita.

Conhece a Palmirinha da época em que ainda era quituteira, mal dava pinta na TV. Conhece o Seu Silvio Santos de quando era camelô, jura que ele vendia canetas na Sé. Não entende o pós modernismo de Ana Maria Braga ou Katia Fonseca; lembra de Ivone, Benjamin Abraão e Dona Ofélia. Minha tia é da época em que Planetária era algo que se leria num gibi de ficção. Rádio, bonde, costura, galinhas e morcilla...essa era a vida!

Naquela época, a gemada e a maionese eram batidas no garfo, porque a gente de cá nem sabia o que era fouet. A gente de cá, muito embora europeus por descendência, cultura e comportamento, parece-me que ficou ao relento, de um Brasil também na promessa por dias melhores. Da Paes de Barros para baixo a Mooca está ao alento. Algumas reformas foram feitas, mas a região ainda conta com imóveis abandonados, tomados pela população miserável. Os idosos, que nada tem a ver com isso, pagam os impostos muito bem obrigado, sabem da existência de uma sub prefeitura regional, mas desacreditam. Foram tantas promessas em vão... Minha tia quem o diga! Melhor do que ningém, ela sabe o que foi da Mooca, seu presente e as promessas que estão por vir com a explosão da construção civil. Se Deus quiser (e há de querer), ela ainda vai dar muito o que falar por aqui.


Quer a receita de bañuelos? Acá


Quer a de borrachuelos? Vale!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Trufas vietnamitas




E se você pudesse fazer trufas não com chocolate, mas arroz? Esta receita, adaptei daqui, da minha querida e amiga chef Anna Olson. Apenas imagine, misturar especiarias exóticas, água de rosas, pistache e coco! Não se contente! Use gengibre ralado, açafrão de pistilo, raspas de cítricos. Adoro sair do convencional, ainda mais quando envolve um dip de morangos e pimenta rosa. Já fiz muitos doces com esse arsenal de especiarias. Pode soar estranho ao paladar brasileiro, mas, acredite quando digo, vicia e muito esse sabor dos deuses.


Ingredientes

1 e 1/2 xíc. de leite integral
2g de leite de coco
3/4 de xíc. de arroz basmati  - deve-se usar um arroz com alta contração de amido, carnaroli também serve
1 xíc. de açúcar
6 sementes de cardamomo - o cardamomo em pó é mais intenso
2 canelas em pau - a canela em pau oferece uma nota diferente da canela em pó
1 col. sopa de água de rosas - pode substituir por água de flor de laranjeira
1/2 xic. de pistaches sem sal e sem casca - picados grosseiramente
1 1/3 xíc. de coco fresco ralado - este é para envolver as trufas. Toste para um efeito diferenciado


Molho Dip para acompanhar

2 col. de sopa de água
2 co. sopa de açúcar
2 xíc. de morangos fatiados finamente
1 col. chá de água de rosas
1/2 col. de chá de pimenta rosa em grãos


Modo de fazer

1 - Pile as sementes de cardamomo até que se abram. Numa panela, coloque o leite, as sementes quebradas de cardamomo e a canela em pau. Ligue em fogo baixo. Assim que começar a ferver, desligue o fogo, tampe a panela e deixe fechada por 30min.
2 - Coe o leite. Misture nele o leite de coco, o açúcar e o arroz. Cozinhe, mexendo com vigor por cerca de 30 a 40min em fogo médio. A mistura vai reduzir pela metade. Misture os pistaches quebrados e a água de rosas. Passe a mistura para um refratário e deixe esfriar completamente.
3 - Para fazer o dip, processe metade dos morangos com o açúcar, a água de rosas e a pimenta rosa. Passe a mistura por uma coador e leve à geladeira para ficar geladinho.
4 - Para fazer as trufas de arroz, molhe as mãos com água gelada e vá fazendo bolinhas. O amido do arroz, em contato com a água, volta a pegar nos dedos. É nessa hora que se passa o coco ralado fresco.
5 - Sirva em colheres de porcelana chinesas com o dip, fatias de morango e grãos de pimenta rosa quebrados.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Madeleines de limão siciliano



Repleto de mistérios, esse bolinho data do século 18 na cidadeinha francesa de Commercy. Não se sabe se veio das freiras ou se elas cederam a receita aos padeiros quando o clero se viu ameaçado pela revolução francesa em 1789.

Fala-se numa homenagem à santa Maria Madalena. Outra versão, cita uma garota de nome Madeleine que as fez para o então rei da Polônia Stanislas Leszcynska. A filha do rei, então, casaria com ninguém menos que Luis XV, tornando a iguaria ainda mais famosa.

Outra história, do séc. 19, fala de Jean Avice, mestre na arte da pâte à choux e que trabalhava para o príncipe Talleyrand (1754-1838). No séc. 20, elas voltam à tona com a autobiografia de Marcel Proust, ‘Em busca do tempo perdido’.

Já fazia um tempinho eu vinha procurando uma receita que ficasse crocante por fora, macia e amanteigada por dentro. Então, adaptei daqui uma ótima receita que encontrei no site da italiana Silikomart.



Ingredientes

220g de açúcar refinado - açúcar cristal vai deixar sua madeleine com uma crosta mais espessa
Zest de 1 limão siciliano - substitua por laranja, tangerina, limão, coco seco
5 ovos - não importa se estão ou não em temperatura ambiente
1 pitada de sal
1 col. sobremesa de extrato de baunilha - veja aqui como fazer ou substitua por essência
160g de manteiga sem sal - jamais trabalhe com margarina em culinária francesa
230g de farinha de trigo - para chocolate, use 200g de farinha e 30g de cacau
1 col. sobremesa de fermento em pó


Modo de fazer


1 - Junte a farinha com o fermento. Passe a mistura 2 vezes numa peneira de malha mais fina, para desfazer os grumos e incorporar ar. Você não sabia? Farinha incopora ar sim.
2 - Derreta a manteiga numa frigideira e reserve. Assim que ela estiver mais morninha, misture a ela a baunilha. Elas não vão se misturar, pois a baunilha tem água na composição do extrato. Sabe o que acontece se você mistura a manteiga na massa e depois a baunilha, separadas? A genoise perde muito volume.
3 - Misture as raspinhas de limão com o açúcar e friccione entre as palmas das mãos até começar a sentir os óleos essenciais. Coloque os ovos com esse açúcar cítrico na tigela da batedeira e bata com o fouet apenas para quebrar a albumina das claras.
4 - Prepare um banho maria: dois dedos de água numa panela pequena e alta. Leve a tigela da batedeira direto sobre essa panela e não deixe que ela toque a água fervente.
5 - Vá mexendo os ovos com uma colher de silicone. Erga um fio dos ovos e passe entre os dedos. Se você sentir que os ovos estão amornando e os cristais de açúcar desapareceram, está pronto. A mistura ficará mais fluída.
6 - Jogue essa mistura na batedeira e ligue na velocidade máxima por 10min. Os ovos aumentarão de volume, ficarão brancos e fofos. Bata até formarem ondas.
7 - Reduza a velocidade da batedeira e despeje a manteiga derretida em fio.
8 - Divida os secos em 3 porções, sempre deixando cair da peneira. Não misture demais.
9 - Chegamos à parte das formas. Se você estiver usando formas de metal (são difíceis de achar), unte com manteiga e polvilhe farinha. Se estiver usando silicone, unte com óleo e retire o excesso. Também pode-se usar a manteiga em spray. Ela é encontrada em lojas de insumos para confeitaria.
10 -  Asse em forno pré-aquecido a 190°C por 15 a 20min, até que estejam douradas. Deixe esfriar e polvilhe com açúcar de confeiteiro. Sirva com Earl Gray ou infusão de sua preferência.


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Verrines e a gastronomia dos shots

Verrine de alcachofra, salmão defumado e quinoa


As Verrines têm origem na nova gastronomia européia. A idéia é transportar empratados doces ou salgados para copos ou bowls de vidro, afirmando a miniatura como proposta simples, divertida e de muito bom gosto. Não se pode usar qualquer copo; devem ser pequenos - do tipo shot - e transparente para que se vejam as camadas.

Bastante recente, a idéia vem se difundindo pelo globo, incorporando ingredientes e técnicas de culturas distintas. Nesse sentido, uma mesma verrine pode conter até 5 elementos diferentes, sejam eles crus, moídos, mousses, custards, molhos, aerados, ralados, jullienes, duxelles, mirepoix e muito mais.

Chefes experientes podem inclusive fazer misturas mais complexas, colocando lado a lado o quente e o gelado; o cremoso, o crocante e o líquido, numa gradativa explosão sinestésica. Eis a razão de ser de uma verrine, seu elemento surpresa!

Um exemplo já bastante conhecido é o triffle, muito comum em cozinhas de gourmands ingleses como Nigella e Jamie Oliver. De um jeito bem matuto, ele usa sobras de bolos, creme, frutas, licor e chantilly. Para algo tão prático, o resultado é excepcional.



Trifle ou verrine?

domingo, 11 de julho de 2010

Como tornar seu sorvete mais cremoso


Você já teve a oportunidade de levar pistaches ao fogo com leite integral e açúcar para depois moer tudo e passar em malha fina? Já extraiu os óleos do pistache, resultando num gelato cremoso de tom verde pálido? Se salivou, este post é para você.

Dia desses, eu estava à procura de uma receita para gelato de figo, quando me deparei com o blog do Sr. David Lebovitz. Perito na arte, ele chegou a lançar seu próprio livro ‘The Perfect Scoop’ (algo como ‘A perfeita concha ou colher de sorvete’). A obsessão pelos gelatos levou David e seus seguidores a tantas experiências, que não faltam dicas para quem deseje se aventurar no campo.

Você sabe, no Brasil, temos um trauma com sorvete. Primeiro porque temos à disposição aquele sorvete horrível de padaria, repleto de estabilizantes e gordura hidrogenada. A Nestlé lançou um de baunilha recentemente, duro como pedra. A Sotozero, minha musa, tem sorvetes indescritíveis - como o sorbet de tangerina ou o mascarpone com frutas vermelhas -, mas é cara e só entrega na região.

Se vamos tentar fazer em casa, na maioria das vezes, o bicho fica duro também. As máquinas de sorvete são caras para a renda do brasileiro e o resultado não é idêntico às industriais. O emulsificante dá um gosto de ‘banha’ ao sorvete, os preparados em pó da Central do Sabor são artificiais e não cumprem o prometido. Apenas a Fabbri  consegue ficar num meio termo, entre o natural e o artificial, sem comprometer o sabor.

Fazer sorvetes artesanais ou gelatos (de ‘congelado’, do norte da Itália), é uma paixão. Trabalhar com gemas, licores, frutas frescas ou secas, nozes é uma arte. Eu sei o que vão dizer... Mas eu não tenho máquina de sorvete! Ah, corta essa! Hoje você encontra todas essas sorveteiras em 12x nos sites.

Quero dizer, depois que você adquire uma Cuisinart, o único trabalho que tem é sobre o fogo; o resto, é ela quem faz. Ressalto, a Cuisinart já tem uma máquina pequena e residencial com refrigeração interna, ou seja, não é mais necessário levar o bowl ao freezer por 8 horas. A KitchenAid tem uma melhor ainda, e mais cara. Eu mesmo, tenho o modelo de levar bowl no freezer e ainda não me decidi se vale mais a pena investir numa industrial de pequena capacidade. Se alguém souber onde encontrar, por favor, grite!

Enfim, vamos às dicas? No blog, David diz que cabe a você decidir como vai usá-las. Disso, eu não discordo: se usar todas de uma vez, terá um gelato com consistência mais ‘gouey’, ou, como dizemos aqui, parecido com chiclete. Você afunda a colher e ele vem como uma pasta. Chega a fazer fio.


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Buenos Aires: primeiras impressões


Olá, pessoas! Depois de me esbaldar de sorvetes e empanadas, finalmente encontrei un ratito para vir falar com todos ustedes. Pois bem! Logo de cara, a Argentina me pareceu um país desenvolvido no meio de outros, que nem tanto... Essa discussao vai longe e ela começa com um irritante teclado desprovido do maldito `til` ou aspas convencionais. Puxa, vida!

Vejam bem, digo que a Argentina me pareceu así, muy desenvolta, porque logo de cara se percebe, o que ostentamos no Brasil como luxo e status, acá é comum a boa parte da populaçao. Quero dizer, é óbvio que há pedintes e outros reflexos das diferenças sociais; nao houvesse, nem seria uma naçao capitalista, para começo de conversa.

Mas enfim, o que quero dizer é que a qualidade de vida aqui me parece ter sido entranhada no dia a dia do Argentino. Comer bem, vestir-se muito bem e todos os dias, é comum para boa parte da populaçao; por lo menos acá en Buenos Aires. Homens aqui se vestem muito bem e muito fashion. Nao há frescurites quanto a usar um cachecol, uma jaqueta de botoes, bolsas...

A sociedade argentina também me pareceu bastante machista e paternalista. Homens se dirigem a homens na maioria daz vezes. Seja para pagamentos, taxis, direções, opiniões, brincadeiras ou chistes, o feminismo parece não ter chego muito longe por aqui.

Também notamos indiferença da parte de alguns deles, sobretudo idosos. É só no começo. Olham para a gente com estranheza, observando nossos modos e roupas, a forma como falamos, se alto ou baixo. Comecei a perceber que subir o tom de voz por aqui não é de bom tom. Mas isso é apenas uma primeira impressão. Quando se caem as barreiras no diálogo, as pessoas ficam amigas e passam a trocar informações. Acho que faz parte de toda cultura latino americana, por conta do histórico militar e de corrupção, ter um pezinho atrás. Não os culpo porque neles também nos vejo, brasileiros.

Logo que chegamos, tivemos o infortúnio de descobrir que nosso Hotel nos havia tropeado. Se ele ou a agência de booking, náo sabemos. O fato é que na foto o piso do quarto era de madeira e o o ambiente clarinho, contemporaneo. Quando entramos no quarto, uma alfombra terrível, e a terceira cama, um sofa muito do estropeado.

Por lo menos, el gerente nos sugeriu outras opçoes e hotéis melhores. Graças a Deus, logo encontramos o Hotel Regente (calle Suipacha, 1079). Esse sí Yo recomendo de braços abiertos. Atenderam-nos impecavelmente, assessorando com pontos comerciais, turísticos. Devo dizer, a simpática atendente até se deu ao trabalho de me pesquisar algumas lojinhas para confeitaria.

Gente, aqui nao existe corantes da Wilton...apenas estecas e acessórios para a temível pasta americana (odeio). No mais, a Kitchen Aid tem um centro de distribuiçao (Calle Cobo, 935). O quê, nao acredita? Moedor de carne, bowl de vidro...tudo que nao existe no Brasil...Vou dizer inexiste para dar ainda mais drama...rs


Quer saber mais? É só clicar nos dias! Eu fiz um diário bem completo com todos os detalhes do que vi por lá, lugares para se comer, shopping centers, passeios turísticos, onde é mais barato e onde tudo pode sair muito mais caro. Se não quer nada disso, aqui tem um guia rápido que fiz com dicas sobre o que há de melhor para se fazer por lá.



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quinta-feira, 1 de julho de 2010

Buttercream de merengue italiano



Bolo quadrado decorado com flores de buttercream da CakeCentral


Olá! Não disse que logo eu voltava com novidades? Pois é, desta vez eu me peguei nesta famosa receita de 'frosting', meio americana, meio italiana, por assim dizer. Ora, vai me dizer que já não enjoou de chantilly ou ganache? 'Ah, mas eu já sei fazer merengue e não gosto!' Tudo bem! Mas e se esse merengue fosse diferente de tudo que você já provou? E se fosse cremoso e amenteigado, de consistência maravilhosa para se trabalhar e, ainda por cima, pudesse ser aromatizado com ingredientes naturais, como frutas e licores? Essa é minha missão hoje. Mostrar para você que existem outras formas de se cobrir um bolo ou cupcake, obtendo efeitos esplêndidos.



Para quem não sabe, há vários tipos de merengues. Podem ser assados, as claras batidas com açúcar (já vi uso de cristal, confeiteiro e até sal, como faz nossa pin-up mais querida, Nigella). Ideal para aerar mousses e um dos mais conhecidos no Brasil, esse é o merengue francês. Pierre Hermé, por exemplo, ao falar de seu merengue d'autonome, sugere usar parte do açucar ao bater as claras e outra parte, incorporando à mão.

Temos também o suiço, de consistência perfeita para incorporar farinha de amendoas, cacau, frutas secas e outras delícias; muito usado com macarrons, por exemplo. As receitas para este também variam absurdamente. Você quer aromatizá-lo? Prefira pasta de frutas tipo Fabbri a purê de frutas frescas, não há muita estabilizade, é um merengue de menor validade. Café funciona, maracujá de vidro e morangos cozidos com açúcar também. Cuidado, baixa estabilidade e perda de consistência rápida! Não se alcança cores bônitas nem que se use framboesas ou blueberries. Já testei com ambas e sempre resulta nom tom pálido. Corantes são necessários. Utilize importados Wilton, de excelente procedência, os mais indicado para crianças.

A Kitchen Aid mesmo, sugere que se use o próprio bowl da batedeira no banho maria, uma vez que é inox, excelente condutor de calor e na base possui uma câmara de ar, protetora para as claras.


Não se assuste! Ele começa mesmo no fogo e as claras vão ao fogo. No hotel em que eu trabalhei, aprendi a fazer sem banho maria. Com a prática, você consegue fazer o processo direto no fogo.

O último deles é o merengue italiano. Este é um dos mais saborosos, brilhantes e que também possui variações. As receitas mais industriais, de cake designers e rotiserries, vão pedir glucose, cremor tártaroe  outros aditivos, todas formas de melhor estabilizar o merengue e sua validade.



Todo caso, a receita é sempre a mesma: o merengue italiano começa com um xarope, o açúcar e água são pesados, a temperatura deve alcançar entre 113 e 114ºC, também conhecido como ponto de fio, a calda deve ser vertida em fio quentíssima sobre as claras com a batedeira ligada em velocidade máxima e assim persistir até que o bowl esfrie ao toque dos dedos. Quer aromatizar?

Este aqui aguenta quase tudo: nozes, pasta ou purê de frutas.  Dependendo da receita, inclusive uma xíc. a 1 e 1/2 de purê de frutas. Quer fazer mousse sem gemas? Experimente misturar chocolate meio amargo em fio com cacau em pó! Quer fazer mousse de morango? Incorpore uma geléia de pouco açúcar em ponto mole. Quer fazer sorvete italiano? Incorpore o merengue enquanto o sorvete bate na sorveteira.

Na incorporação, observe sempre o limite do merengue! Haverá um momento em que ele não mais será capaz de reter os líquidos, a consistência cai e ele começa a se aproximar de um creme anglaise. Cuidado!

Vamos ao nosso tema de hoje. O buttercream nada mais é que um creme de manteiga, ou seja, vamos também adicionar manteiga ao merengue italiano. Não pense agora em calorias ou no trabalho...ao invés, pense na suavidade, num creme maravilhoso para decorar bolos e cupcakes! Clique aqui para a receita!

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